Se um ser humano batesse a cabeça numa árvore com a força e a velocidade proporcionais às de um pica-pau, seu cérebro seria danificado. A cabeça da ave suporta desacelerações de até 1.200g enquanto ele bica uma árvore até 22 vezes por segundo. Já os seres humanos aguentam apenas de 80 a 100g. Como o pica-pau consegue essa proeza?
Os cientistas Sang-Hee Yoon e Sungmin Park, da Universidade da Califórnia, desvendaram o mistério. Eles estudaram o movimento do bicho, fizeram vídeos e uma tomografia computadorizada da cabeça e do pescoço da ave. Assim, identificaram quatro estruturas que absorvem o choque mecânico. Segundo a revista Galileu, “trata-se de seu bico duro, mas elástico; um osso de suporte à língua que se estende por trás do crânio (chamado hióide); uma área de osso esponjoso em seu crânio; e um líquido cefalorraquidiano. Todas essas estruturas funcionam juntas para absorver as pancadas”.
Com a descoberta, os pesquisadores puderam simular o mecanismo do pica-pau e construir um sistema de absorção de choque mecânico. Eles utilizaram metais, borracha e até esferas de vidro. A ideia é reforçar as caixas-pretas dos aviões para suportar choques muito fortes e desacelerações severas, entre outras aplicações, inclusive militares.
Se o pica-pau também evoluiu ao longo de milhões de anos (como supõem os darwinistas), como explicar essa capacidade amortecedora que depende de várias partes que somente funcionam quando estão conectadas? O que evoluiu primeiro: o bico duro e elástico, o osso de suporte, o osso esponjoso ou o líquido cefalorraquidiano? Se um elemento depende de todos os outros para funcionar (e evitar que o cérebro do pica-pau vire geleia na primeira pancada), a resposta mais lógica é que foram criados juntos.
Michelson Borges