Soon Ok Lee conta os horrores dos campos de prisão norte-coreanos!
Por dezessete anos trabalhei com líderes do partido comunista da Coréia do Norte. Apesar de minha total lealdade e entrega ao partido, de alguma forma fui traída por eles, que me indiciaram e em seguida me levaram presa.
Depois fui levada ao centro de trabalhos forçados por sete anos. Fui tão mal tratada que meus músculos do rosto não funcionam normalmente.
Com freqüência era exposta a temperatura de 35°graus abaixo de 0° . Também tenho problemas com minhas pernas. Sinto constantemente dor em todo o corpo e ossos de meu corpo se quebraram.
Eram mais de duas mil mulheres no campo de concentração, muitas estavam prisioneiras somente porque haviam criticado o governo.
Vi tantas coisas ruins que chegaram a destruir meu coração, por exemplo: Uma mãe de dois filhos, um de 5 anos e o outro de 7 anos, foi trazida ao campo de concentração porque seus filhos estavam com fome e ela estava escavando algum alimento no campo, quando foi detida pela polícia. Depois simplesmente lhes perguntou; “Como era possível que permitissem que seus filhos morressem de fome?”. Essa foi uma razão mais que suficiente para prendê-la.
Muitas mulheres no campo de concentração estavam grávidas, mas era proibido terem seus filhos. Não deixavam nascer bebês de mães cristãs. As crianças cristãs eram assassinadas até a terceira geração.
Para futuras mamães davam veneno. Elas não agüentavam, depois de vinte e quatro horas sentiam dores horríveis, intoleráveis.
Os bebês morriam ainda no ventre, ou se nasciam com vida os guardas imediatamente os matavam na frente de suas mães.
Nesses sete anos que fiquei no centro de concentração, vivi com mulheres cristãs que foram presas por sua fé em Jesus Cristo. Pois na Coréia do Norte é crime crer em Deus.
A princípio eu pensei que elas eram pacientes psiquiátricas, mas em sete anos elas me convenceram que não.
Aos cristãos não era permitido levantar suas cabeças ou olhar para o céu.Tinham que manter seu olhar sempre para o chão, e suas cabeças inclinadas. A eles era dado muito pouco alimento e água contaminada para beber. Os guardas lhes davam os trabalhos mais perigosos e pesados para fazerem. Tinham que trabalhar 17 horas por dia. Seus corpos se consumiam e suas vértebras se atrofiavam.
Muitos eram presos por crerem em Jesus Cristo, mas apesar de serem torturados não negavam sua fé. Não existe outro lugar na terra onde os cristão sofram mais que na Coréia do Norte.
Dei-me conta que nos últimos momentos de vida, davam as mãos e cantavam uma canção a Deus. Não conseguia entender como naquelas terríveis circunstancias podiam cantar com tanto gozo.Os guardas vinham e lhes golpeavam no rosto, na cabeça, para que eles deixassem de cantar. Nunca vou esquecer esses momentos de horror, em que os guardas destruíam os crentes com golpes. Às vezes tenho pesadelos por causa dessas lembranças.
Em dezembro de 1992 por um milagre de Deus, fui libertada do campo de concentração. Depois de sete anos nenhuma das que foram presas comigo permaneceram vivas.
Minha libertação foi anunciada publicamente enfrente a seis mil prisioneiras, na praça principal. Quando mencionaram o meu nome todas as prisioneiras me olharam.
As cristãs me olharam mantendo sua postura curvada, e seus olhos me imploravam falando; “Se estais livre é para falares a outros de nós”.
Não podiam dizer uma palavra, mas seus olhos expressavam sua voz. Nunca me esquecerei a luz de seus olhos.
Nesses longos sete anos vi que apesar de todo o sofrimento os cristãos não negaram a seu Deus. O mesmo Deus que me manteve viva e me levou para a Coréia do Sul.
Quero servir a esse Deus fielmente em toda a minha vida, ainda que isso signifique que tenho que sofrer.
Fonte:Missão Portas Abertas www.portasabertas.org.br